quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O primeiro balão que cruzou a África



Cinco semanas em balão é a primeira obra do grande escritor francês Julio Verne, publicada em 1863. Em época de grandes descobertas, o inglês Dr. Samuel Fergusson decide projetar um balão para atravessar a África de leste a oeste (Zanzibar a Senegal). Ele é aclamado pela Sociedade Geográfica de Londres, decidindo partir com seu criado Joe Wilson e seu grande amigo, o caçador Dick Kennedy.

O caminho dos primeiros exploradores baseia o roteiro da viagem, porém nenhum deles conseguiu ir muito longe por via terrestre. Por sua vez, a genialidade do balão é notável, já que o sistema de aquecimento com maçarico e dilatação do combustível permite subir e descer, ultrapassando obstáculos e ancorar em lugares convenientes.

Durante a jornada, muitos perigos se apresentam para os aventureiros, como animais selvagens diversos, tribos canibais e a longa jornada sem água no deserto. Com criatividade e sorte, todas as adversidades vão ficando para trás, deixando transparecer as paisagens incríveis do continente. Devido aos parcos recursos da época, um diário de bordo e desenhos do local eram utilizados pelo Dr. Fergunsson para registro.

Vale ressaltar que Júlio Verne não conheceu a África antes de escrever o livro, de modo que tudo partiu de seu imaginário. Um grande livro clássico, muito divertido e rico. Uma aventura repleta de curiosidades geográficas, físicas e químicas (às vezes as descrições dos componentes do balão chegaram a ser até exaustivas), mas é muito legal se transportar para um lugar fantástico dentro de um balão. Recomendo muito. Além deste, já li A volta ao mundo em 80 dias e também gostei, por isso tenho vontade de ler mais obras do autor. Nota 8.

*Minha edição é portuguesa, impressa na Espanha, de capa dura. Peguei uma baita promoção.

Um livro genial



Por Júlia Martins

Acabei recentemente a leitura do livro A Amiga Genial, de Elena Ferrante. Que livro maravilhoso! Foi um dos primeiros lidos em 2016, e já tenho certeza que estará na lista de melhores leituras do ano. Percebi o impacto que o livro teve em mim quando, ao finalizar a leitura, corri para a internet para saber quando seria o lançamento do segundo volume, pois esse é o primeiro de uma série denominada Napolitana.

A história se passa em Nápoles no pós-guerra e conta a história da amizade entre duas meninas, Elena (a narradora) e Lila (Rafaella), desde a infância até os seus 16 anos. Elena narra suas incertezas e experiências em um bairro marcado pela violência e pobreza, no subúrbio da cidade. Ao longo da narrativa, vamos conhecendo um pouco das duas meninas, Lila que é mais livre, selvagem e extremamente cativante e encantadora; e Elena que se vê às margens de sua amiga e é uma menina mais centrada, estudiosa e contida.

A maestria da obra está no modo como a autora a narra. Deixo um trecho do próprio livro que para mim descreve isso muito bem: “... ela se expressava com frases de extremo apuro, sem nenhum erro, mesmo sem ter continuado os estudos, mas – além disso – não deixava nenhum vestígio de inaturalidade, não se sentia o artifício da palavra escrita. Eu lia e ao mesmo tempo, podia vê-la, escutá-la. Sua voz era um fluxo que me arrebatava e me transportava como quando discutíamos entre nós, e no entanto era inteiramente depurada das escórias de quando se fala, da confusão oral...”.

A boa notícia é que teremos mais três volumes para apreciar essa escrita tão natural, as histórias dessas amigas tão comuns, tão próximas de nós e tudo com esse toque de genialidade.

Contos da Mamãe Gansa #Um conto por dia



Por Júlia Martins



Mais um para o desafio de um conto por dia que está saindo melhor que a encomenda. Achei que ler um conto por dia ia ser pesado, mas além de até agora estar muito tranquilo, é uma ótima forma de colocar em dia a leitura dos livros de contos e, ao mesmo tempo, poder curtir cada história. Antes eu começava a ler um livro de contos e muitas vezes lia dois, três ou quatro contos em um dia só. Como são histórias independentes, acho difícil absorver as peculiaridades, as sutilezas, o clima de cada um.

Enfim, acabei de ler Contos de Mamãe Gansa, de Charles Perrault, que ao contrário do que muita gente acredita, é o verdadeiro autor dos contos de fadas mais famosos do mundo. Muitos acham que são dos Irmãos Grimm, mas uma pesquisa na internet me revelou que Charles Perrault viveu antes dos irmãos e alguns contos dessa coletânea foram posteriormente reescritos pela dupla.

As histórias são as que todos já conhecemos desde a infância: Bela Adormecida, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho e Pequeno Polegar, mas existem algumas outras menos conhecidas, embora não menos interessantes como As fadas, Pele de Asno e Riquet, o Topetudo. Vale a pena revisitar essas histórias que fazem parte da construção moral do mundo ocidental e ver o que realmente foi escrito no original (sim, a Disney inventou um bocado de coisas para tornar as histórias maiores e mais adequadas ao público infantil).

Entretanto, o mais especial dessa leitura foi a edição primorosíssima da Cosac Naify (continuo de luto com seu fim. Acho que perdemos uma das melhores editoras do mundo). Sei que já falei de outras edições da Cosac por aqui, mas essa é realmente especial e, em minha opinião, o livro mais bonito que tenho. Cada um dos contos tem um projeto gráfico, ilustrações e até o papel diferente. A equipe responsável pelo trabalho se chama Milimbo, são espanhóis especializados em ilustração de contos de fadas. Sinto-me privilegiada de poder ter acesso a esse trabalho que considero uma verdadeira arte, e recomendo a todos que comprem seus exemplares antes que se esgotem.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Micróbios #Um conto por dia

Dentro do novo projeto do ano de ler um conto por dia, finalizei a leitura de um livro que foi muito comentado pelos leitores no ano passado: Micróbios, de Diego Vecchio. O livro é a reunião de nove contos que têm em comum os temas doença e literatura.

Quando ouvi falar do livro, imaginei que fosse uma grande homenagem à literatura e que seria um prato cheio para nós, amantes dessa arte. Isso não deixa de ser verdade, mas o livro não me encantou como prometia.

Histórias como a das gêmeas siamesas em que uma delas escreve uma peça de teatro polêmica que acaba levando ambas à prisão, da menina japonesa anoréxica que se alimenta basicamente de balas de gengibre, ou melhor dizendo, das mensagens contidas nas embalagens das balas, além da do escritor argentino que após um grande sucesso com livros de vampiros do bem entra em coma e, ao sair, passa por uma cirurgia de transplante cerebral, têm consequências cômicas e são divertidas, mas não passam disso.

O clima onírico e as cenas fantásticas construídas pelo autor são interessantes e bem malucas muitas vezes, mas não emocionam, não tocam como o realismo fantástido de Gabriel Garcia Marquez. Parece que nos livros do autor colombiano, o mágico aparece para exacerbar a humanidade de suas histórias, enquanto o livro do argentino parece apenas ser um grande exercício de construção de cenas estranhas, quanto mais estranhas melhor. Não havia um significado por trás das histórias, não havia algo para refletir.

Fiquei com a sensação de que faltava alguma coisa, algo para nos conectar às histórias, não é um livro que me lembrarei facilmente. 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Desafio: Calendário literário

Mais um desafio! Estou participando de três projetos literários este ano. O intuito é, além de ler mais, testar se consigo mais disciplina por meio das propostas. O Vitor Martins, com uma proposta bem criativa e interessante, desenvolveu o Calendário ilustrado 2016, o qual você pode baixar gratuitamente aqui. A cada mês, um desafio diferente. Para essa proposta utilizei obras que já tinha na estante. Segue vídeo explicativo:

Minhas escolhas
Janeiro - Comece uma série: O guia do mochileiro das galáxias / Douglas Adams
Fevereiro - Livro que virou filme: Cotoco / John van de Ruit
Março - Livro escrito por uma mulher: O clube mefisto / Tess Gerritsen
Abril - Livro nacional: De gênio e louco todo mundo tem um pouco / Augusto Cury
Maio: Livro infantil: Diário de um adolescente hipocondríaco / Aidan Macfarlane e Ann Mcpherson
Junho - Romance: Capitães de areia / Jorge Amado
Julho - Livro com mais de 500 páginas: Shantaram / Gregory David Roberts
Agosto - Livro clássico: O cortiço / Aluísio de Azevedo
Setembro - Ficção científica: Fahrenheit 451 / Ray Bradbury
Outubro - Livro de terror ou suspense: O exorcista / Willian Peter Blatty
Novembro - Autor que nunca li: Elogio de madrasta / Mario Vargas Llosa
Dezembro - Livro que ganhei de presente: Misery / Stephen King


Além desse desafio, também estou participando do Livrada! 2016 e do projeto Um contopor dia.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Projeto: Um conto por dia


Mais uma proposta literária que assumimos em 2016, a Júlia e eu, foi a leitura de um conto por dia. Motivos: ler mais, movimentar os (muitos) livros de contos que temos, começar ou terminar o dia com uma leitura fácil e rápida e estimular nossa criatividade.

A ideia é muito simples, basta ler um conto por dia. Nestes seis primeiros dias do ano todo tem dado certo. Costumo ler antes de sair para trabalho, logo após levantar e tomar banho. Quando não der para ler, no dia seguinte precisamos ler dois. Serão, no mínimo, 366 contos durante o ano, que é bissexto. A proposta inicial são contos, mas não impede que poemas* e crônicas também entrem na jogada.

O que é um conto?
Segundo o UOL Educação http://goo.gl/67HlG1, o conto é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.

Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso.

*Expliquei a diferença entre poema e poesia, brevemente, aqui. Complemento que o poema é um gênero textual, já a poesia é uma atitude criativa que pode estar presente até mesmo em situações cotidianas.

Desafio Livrada! 2016



Com um novo ano, novos desafios... literários. Para 2016, decidi incorporar três à rotina (falo dos outros dois em outro post), o que já é muita coisa considerando trabalho, mestrado, vida social, séries e filmes. Quero testar se o comprometimento com metas me ajuda a aumentar a quantidade de livros lidos.

O blog Livrada!, todo o ano lança um desafio com 15 categorias de leituras, achei a ideia muito bacana e decidi entrar também na brincadeira. O tema de 2016 é “Conhece-te a ti mesmo”, o que tem tudo para proporcionar ótimas leituras. Confira vídeo do Yuri explicando o Desafio:

Atendendo aos critérios, estabeleci minha lista:
1- Um prêmio Nobel: Cem anos de solidão / Gabriel García Márquez
2- Um livro russo: Noites brancas / Fiódor Dostoiévski
3- Um cânone da literatura ocidental: Odisseia / Homero
4- Uma novela: Novelas exemplares / Miguel de Cervantes
5- Um livro que você não sabe por que tem: Marley & Eu / John Grogan
6- Um autor do seu estado: 1968 - o Ano Que não Terminou / Zuenir Ventura
7- Um livro publicado por uma editora independente: A sordidez das pequenas coisas / Alessandro Garcia (livro da Não editora)
8- Uma ficção histórica: Azincourt / Bernard Cornwell
9- Um livro maluco: Laranja mecânica / Anthony Burgess
10- Um livro que todo mundo já leu menos você: Dom Casmurro / Machado de Assis
11- Um autor elogiado por um escritor de quem você gosta: Lolita, Vladimir Nabokov (um dos livros favoritos de Jeffrey Eugenides, segundo o Flavorwire)
12- Um livro bobo: Os Goonies / James Kahn
13- Um romance de formação: O apanhador no campo de centeio / J. D. Salinger
14- Um livro esgotado: A Montanha Mágica / Thomas Mann
15- As aventuras do bom soldado Svejk

A grande maioria dos livros eu tenho ou pegarei emprestado com a Júlia. Comprarei somente: 1968 - o Ano Que não Terminou, A sordidez das pequenas coisas, Lolita, A Montanha Mágica e As aventuras do bom soldado Svejk.

A Júlia este ano decidiu não participar por ter perdido o foco do desafio dela no ano passado, o qual você pode conferir aqui.