terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Delírios cotidianos de uma vida marginal





A perfeita combinação de quadrinhos com o trabalho do velho safado. O quadrinista alemão Matthias Schultheiss teve inspiração em sete contos, com marcas autobiográficas, de Charles Bukowski: Dois bêbados; Kid Foguete no matadouro; Os assassinos; A puta de 135 quilos; Mamãe bunduda; Henry Beckett; N. York, 95 cents ao dia; e Um trabalho em New Orleans. O resultado foi uma obra fluida, de leitura rápida, com o humor cru típico do escritor.

Trecho de Kid Foguete no matadouro
Sexo, miséria, bebedeiras, prostituição, drogas e aversão ao trabalho são os temas tratados nessas histórias. Para quem não conhece nada sobre o escritor, essa é uma ótima oportunidade de iniciação ao seu trabalho. Será possível ter um panorama geral da escrita. Por outro lado, para quem já o conhece, é um livro enriquecedor, bem selecionado e bem feito. Os traços são “jogados”, sem apelar para o detalhe e o capricho milimétrico, mas acredito que isso não é um problema, já que com a temática abordada, esse fato até cai bem.

Há o contato com as pessoas marginais, assim como o autor, das grandes cidades, tais como prostitutas e vagabundos. Pessoas sem muita expectativa na vida, querem só beber e se drogar. É importante ler algo sobre essa perspectiva. Ver o ponto de vista do diferente, daqueles que estão do outro lado. Como são suas vidas e pensamentos. O que fazem e o que esperam do mundo. É uma experiência antropológica. Nota 9.

Sobre Charles Bukowski
A editora L&PM expressou bem o estilo literário do escritor. Sua literatura é de caráter extremamente autobiográfico, e nela abundam temas e personagens marginais, como prostitutas, sexo, alcoolismo, ressacas, corridas de cavalos, pessoas miseráveis e experiências escatológicas. De estilo extremamente livre e imediatista, na obra de Bukowski não transparecem demasiadas preocupações estruturais. Dotado de um senso de humor ferino, auto-irônico e cáustico, ele foi comparado a Henry Miller, Louis-Ferdinand Céline e Ernest Hemingway.

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