Por
Júlia Martins
No atual momento histórico,
em que atiradores entraram em um edifício em Paris e fuzilaram doze colaboradores do jornal francês Charlie Hedbo, entre eles alguns dos principais cartunistas do país, motivados por
questões religiosas, ler Joseph Anton
do escritor indiano e britânico Salman Rushdie é muito enriquecedor.
Salman escreveu o livro Os Versos Satânicos em 1988 e, por esse livro,
recebeu uma fatwa (pronunciamento sentenciando
à morte) do aiatolá Komheini, pois o líder irariano o acusou de satirizar o
profeta Maomé em sua obra. A partir daí a vida do escritor virou de cabeça para
baixo e é neste livro, Joseph Anton, que ele detalha todos os anos de
esconderijo, de ameaças, de imobilidade, pois quase todas as companhias aéreas
do mundo o proibiram de voar em seus aviões, e também da tentativa de continuar
a sua vida, seus trabalhos e mostrar seu ponto de vista.
O livro, um calhamaço de
mais de seiscentas páginas, é muito detalhista em mostrar todos os momentos em
que o autor foi retratado pela mídia, como ele se sentia com as acusações e com
o cárcere, ao mesmo tempo em que fala de sua vida pessoal e de sua luta para
conseguir a liberdade. Em muitos momentos, o livro é um pouco cansativo, e cita
muitas pessoas que não conhecemos prontamente e precisamos pesquisar. Mas ao
pensar que foram treze anos entre a proclamação da fatwa e sua revogação, temos que dar um crédito para Salman,
afinal, como ao próprio título do livro já diz, ele teve que passar todos esses
anos escondido e sem direito ao próprio nome, sendo chamado por anos de Joseph
Anton.
Esse é um livro que vale
muito a pena ser lido, pois devido aos recentes acontecimentos, a mídia está em
discussão sobre os limites da liberdade de expressão. Rushdie dá seu parecer
claro sobre o assunto em diversos artigos que estão transcritos no livro, e que
vindos de uma pessoa que sofreu na pele todos os tormentos do terrorismo e
intolerância religiosa, são uma fonte preciosa para podermos avaliar e estabelecer
nosso ponto de vista, além de respondermos à pergunta: pelo que realmente vale
a pena lutar?
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