Por Júlia Martins
Acho que muita gente pensa
como eu pensava antes de ler Decameron:
“Nossa, esse livro deve ser muito difícil, é só para os 'super cabeças', ou
estudos de escola”. A verdade está longe dessa descrição. Esse livro do século
XIV é na verdade uma grande contação de histórias simples que vêm da tradição
oral, narradas por sete damas e três cavalheiros durante um período de reclusão
do grupo que estava fugindo da peste.
Ilustração Wikipédia |
Na seleção que li são apenas
dez histórias, enquanto o livro completo possui cem, dez de cada um dos
narradores que vão se intercalando em dez jornadas. Para ser sincera, gostei
dessa edição da Cosac, pois já dá um
panorama interessante das narrações e não fica maçante. Quase todas as
narrativas são muito engraçadas e têm forte apelo sexual, me fizeram lembrar
muito a literatura de cordel e os causos que escutamos no
nordeste brasileiro. Apesar de não serem em forma de verso, fiquei surpresa com
a proximidade dos temas e da linguagem acessível entre culturas tão distintas e
separadas por mais de seis séculos.
Decameron é
um livro que intimida pelo nome, mas é fácil de ler, engraçado e faz um bom
retrato das histórias típicas europeias do século XIV. Recomendo a edição da Cosac que tem ilustrações lindísimas,
traz uma seleção com alguns dos contos mais conhecidos e um pouco do panorama
histórico da época em que o autor, Boccaccio, viveu e escreveu.
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