quarta-feira, 11 de março de 2015

Boccaccio, o italiano nordestino



 Por Júlia Martins

Acho que muita gente pensa como eu pensava antes de ler Decameron: “Nossa, esse livro deve ser muito difícil, é só para os 'super cabeças', ou estudos de escola”. A verdade está longe dessa descrição. Esse livro do século XIV é na verdade uma grande contação de histórias simples que vêm da tradição oral, narradas por sete damas e três cavalheiros durante um período de reclusão do grupo que estava fugindo da peste. 

Ilustração Wikipédia
Na seleção que li são apenas dez histórias, enquanto o livro completo possui cem, dez de cada um dos narradores que vão se intercalando em dez jornadas. Para ser sincera, gostei dessa edição da Cosac, pois já dá um panorama interessante das narrações e não fica maçante. Quase todas as narrativas são muito engraçadas e têm forte apelo sexual, me fizeram lembrar muito a literatura de cordel e os causos que escutamos no nordeste brasileiro. Apesar de não serem em forma de verso, fiquei surpresa com a proximidade dos temas e da linguagem acessível entre culturas tão distintas e separadas por mais de seis séculos.

Decameron é um livro que intimida pelo nome, mas é fácil de ler, engraçado e faz um bom retrato das histórias típicas europeias do século XIV. Recomendo a edição da Cosac que tem ilustrações lindísimas, traz uma seleção com alguns dos contos mais conhecidos e um pouco do panorama histórico da época em que o autor, Boccaccio, viveu e escreveu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário