segunda-feira, 9 de março de 2015

Nas águas do tempo: análise



Nas águas do tempo é um dos contos presentes no livro Estórias abensonhadas do escritor moçambicano Mia Couto. O texto é repleto de simbologia, apresentando também traços culturais africanos. Os passeios de barco entre o narrador e seu avô são o pano de fundo do enredo. Em um lago deserto, somente o velho consegue enxergar um pano branco sendo acenado na neblina, o qual responde acenando seu pano vermelho. Após quase morrerem afogados, sendo salvos milagrosamente, o avô explica que consegue ter a visão por meio do olho que enxerga os sonhos. Esse olho, no qual, muitos estão cegos.

A cor branca representa a morte e a vermelha representa a vida. Um ciclo é formado na história. As águas referem-se à origem, o tempo à permanência na Terra e a morte à partida desta vida para um novo início e recomeço. Voltando, assim, às águas.

O narrador entende a mensagem e a passa para o seu filho. A compreensão da visão do pano branco pode ter se perdido com o tempo frente à escravização do trabalho, do dinheiro e das tecnologias. Não há mais o momento de sonhar, contemplar e admirar.

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