Nas
águas do tempo é um dos contos presentes no livro Estórias abensonhadas do escritor moçambicano
Mia Couto. O texto é repleto de simbologia, apresentando também traços
culturais africanos. Os passeios de barco entre o narrador e seu avô são o pano
de fundo do enredo. Em um lago deserto, somente o velho consegue enxergar um
pano branco sendo acenado na neblina, o qual responde acenando seu pano
vermelho. Após quase morrerem afogados, sendo salvos milagrosamente, o avô
explica que consegue ter a visão por meio do olho que enxerga os sonhos. Esse
olho, no qual, muitos estão cegos.
A cor branca representa a
morte e a vermelha representa a vida. Um ciclo é formado na história. As águas referem-se
à origem, o tempo à permanência na Terra e a morte à partida desta vida para um
novo início e recomeço. Voltando, assim, às águas.
O narrador entende a
mensagem e a passa para o seu filho. A compreensão da visão do pano branco pode
ter se perdido com o tempo frente à escravização do trabalho, do dinheiro e das
tecnologias. Não há mais o momento de sonhar, contemplar e admirar.
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