quinta-feira, 9 de julho de 2015

Velhos, novos, putas tristes e o amor



Memórias de minhas putas tristes, de Gabriel García Márquez, trata sobre a vida e sobre o amor, este podendo ser descoberto, e elevado a última potência, mesmo após os 90 anos. O protagonista é um jornalista e crítico das artes colombiano. Como presente de aniversário, ele decide se dar uma noite de amor louco com uma adolescente virgem de 14 anos. Tudo é preparado pela cafetina e velha conhecida Rosa Cabarcas, mas as coisas não saem exatamente como planejado. Ao invés disso, nasce uma paixão e, junto a ela, a descoberta do sentimento amoroso, negligenciado pelo protagonista por toda a sua existência (quase um século).

O livro contém a escrita fluida e leve do Gabo, com a intensidade capaz de nos tirar da zona de conforto. Pensamos na vida e no que ela é capaz de fazer conosco – ou o que somos capazes de fazer com ela. Deparamos-nos com uma reflexão sobre escolhas, amadurecimento e envelhecimento, deixando claro que nunca é tarde para descobrirmos os prazeres que acompanham a felicidade. Também nos deparamos com o poder do amor, o qual nenhum de nós está imune dos seus efeitos colaterais, incluindo atitudes impensadas e bobas.

A lucidez do protagonista é invejável. Sua capacidade intelectual, mesmo que desvalorizada, o mantém ativo mesmo após tanto tempo de trabalho. Sua vida sempre foi conturbada com relações sexuais com prostitutas sem amor, motivo que dá nome à obra. Descobrimos que antes da morte para tudo tem jeito ou possibilidade de mudança.

Mesmo com um tema delicado como a prostituição de menores o livro não pende para a problematização negativa. Os sublimes sentimentos põem essa questão em segundo plano. Nota 10.

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