Sabe aquele livro que não
conseguimos parar de ler? Que varamos a noite lendo e nem vemos o tempo passar?
Equador, de Miguel Sousa Tavares, é
um deles. O livro conta a história de Luis Bernardo Valença, um verdadeiro bon vivant no início do século XX que
recebe o convite para governar as ilhas de São Tomé e Príncipe, localizadas na
linha do Equador, referenciando o nome do livro. A proposta vem seguida de um
objetivo curioso: convencer o cônsul inglês de que não há mais escravidão nas
ilhas africanas que pertencem a Portugal.
Luis se depara com grandes
dificuldades para convencer os colonos de que a melhoria das condições de
trabalho dos negros “importados” da Angola é para o próprio bem de seus negócios.
Afinal, se fosse realmente constatado a falta de liberdade e maus tratos aos
trabalhadores ditos livres, haveria um grande boicote ao cacau e café
produzidos nas ilhas. Além disso, David, o cônsul inglês, desembarca nas terras
portuguesas acompanhado de sua lindíssima esposa Ann, que se torna uma tentação
aos olhos de todos no local isolado e quase sem mulheres, incluindo aos
admiradores, o próprio governador da ilha.
Comerciantes em São Tomé e Príncipe (Foto: noticias.sapo.cv) |
Eu já tinha lido um livro
desse grande autor português, Madrugada
Suja, ótimo, por sinal. Mas tenho que concordar com fato de que Equador é tido como sua obra prima, pois
é realmente primoroso. Não é por menos que vendeu milhões de cópias no mundo
todo.
O livro foi escrito a
partir de uma pesquisa minuciosa de toda documentação a respeito dessas ilhas,
dos seus habitantes, negócios, fatos políticos e também da história de Portugal.
A sensação criada a partir da leitura é que realmente estamos mergulhando na
história real e a criatividade literária de Miguel Sousa Tavares preenche as
lacunas e detalhes que os documentos históricos não apresentam, tornando a
história mais interessante e instigante de ler.